Resolução da Direção Estadual da JPT/RN
26/11/2014
Nos
últimos dias a esquerda e os setores mais progressistas da sociedade brasileira
foram surpreendidos com a possibilidade da senadora Kátia Abreu, do PMDB
(ex-PFL), ser convidada pela presidenta Dilma Rousseff para assumir o
Ministério da Agricultura.
O
assunto foi amplamente comentado na imprensa nacional, seja na grande mídia
empresarial ou na blogosfera progressista, indignando os movimentos sociais, a
militância do Partido dos Trabalhadores e milhares de corações valentes que
espontaneamente ocuparam as ruas contra o retrocesso neoliberal e em defesa da
reeleição da presidenta Dilma durante o segundo turno das eleições
presidenciais.
Segundo
a grande mídia empresarial a provável escolha não gera consenso sequer no PDMB,
atual partido da ruralista. Caso a informação proceda, a escolha do que há de
mais conservador para assumir o Ministério do Agronegócio seria
responsabilidade quase exclusiva da presidenta Dilma, o que torna o quase fato
ainda mais estarrecedor.
A
resolução aprovada pela Executiva Nacional do PT em 03 de novembro de 2014
apontou um giro histórico na tática e na estratégia adotada pelo partido, o que
necessariamente deveria repercutir no interior do governo de conciliação de
classes que o PT lidera.
Para
além de reafirmar as reivindicações históricas da classe trabalhadora
brasileira com foco na reforma política e na democratização da mídia, o
documento aprovado reconheceu a necessidade de construção de uma frente de
esquerda, capaz de superar nas ruas a resistência conservadora presente no
Congresso Nacional e no próprio governo de coalizão.
Entretanto,
as primeiras sinalizações do governo Dilma se revelam completamente divorciadas
da resolução petista, especialmente quando a possibilidade da presidenta Dilma
convidar uma das principais inimigas da reforma agrária para o comando da
política agrícola tende a se concretizar no futuro próximo.
A
conjuntura nacional e a correlação de forças no parlamento brasileiro deixam
claro que é necessário um novo modelo de governabilidade para avançar nas reformas
democratizantes, menos centrado na coalizão conservadora no interior do
Congresso Nacional (responsável pela demasiada repartição do poder
governamental e pela AP 470) em benefício da mobilização e do poder popular.
Sendo
assim, a juventude petista do Rio Grande do Norte manifesta total repúdio à
possibilidade de Kátia Abreu ser a futura Ministra da Agricultura do segundo
mandato da presidenta Dilma, não por desprezar a necessidade do governo
dialogar com setores conservadores da sociedade (a exemplo da bancada
ruralista), mas sim por entender que a materialização da escolha seria um
ataque violento contra a esquerda e os movimentos sociais brasileiros,
especialmente contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, com quem
pretendemos compor uma frente de esquerda para impulsionar nas ruas o quarto
governo liderado pelo PT.
Não
bastasse ser a presidenta da CNA e líder da bancada ruralista no Congresso
Nacional, Kátia Abreu se enquadra no setor mais conservador e atrasado do
empresariado brasileiro, portadora da herança cultural da Casa Grande e inimiga
declarada dos governos progressistas da América Latina que, segunda ela,
caminham em direção ao abismo socialista.
Sob
pena de transformar a resolução da Executiva Nacional do PT aprovada no início
de novembro em obra de ficção, a direção nacional da Juventude do PT e a
direção nacional do PT devem expressar nítida posição contrária à indicação da
senadora Kátia Abreu para assumir o Ministério da Agricultura, inaugurando um
novo período onde a posição e a prática partidária não se confundam com a
posição e a prática governamental.
Por
fim, reiteramos a necessidade de construção de uma frente de esquerda, capaz de
travar a disputa de hegemonia política e cultural no interior da sociedade
brasileira, mantendo vivo o projeto de um Brasil socialista e democrático e o
sonho da unidade latino-americana.
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